
Para começar a contar a história do projeto Brasil Sem Frestas – Curitiba PR é necessário entender como ele teve inicio na cidade de Passo Fundo, Rio grande do Sul.
Em setembro de 2009, em meio a uma tempestade, a química Maria Luisa Camozzato preocupou-se com a situação das famílias em vulnerabilidade social.
A gaúcha percebia o risco que a comunidade corria ao conviver diariamente com o frio e a umidade em seus lares após as chuvas. Conhecedora da estrutura das embalagens Tetra Pak, naquela noite Maria Luisa teve uma inspiração: unir as caixas, fazendo uma placa com efeito isolante térmico. Dessa forma, encontrou uma possibilidade de bloquear o frio, o vento e água que entravam pelas frestas e buracos das casas.
Com a ideia em mente, a química convocou colegas para formarem um grupo de voluntariado. Juntos, iniciaram o trabalho de coleta, corte e costura das caixas. A iniciativa permitiu que as famílias pudessem ter um conforto imediato, sem depender de grandes investimentos ou auxilio governamental. A partir daí foi criado o Brasil Sem Frestas, logo o projeto se espalhou para várias regiões do Brasil.
Em Curitiba, Paraná…

Em 2016 a dona de casa, Tânia Ribas tomou conhecimento do projeto Brasil sem Frestas por intermédio de Lisandra Falcão. Após receber a proposta, se apaixonou pela ideia e passou a desenvolve-la dentro de sua casa no bairro Tingui, em Curitiba no estado do Paraná.
No começo, era apenas duas mesinhas que sustentavam as atividades, porém, com a parceria dos amigos, vizinhos e da família, o projeto Brasil Sem Frestas- Curitiba PR ganhou força na região e logo, a dona de casa, com a aprovação do esposo, transformou a garagem da residência em um posto de trabalho.
Os voluntários vieram de várias partes da cidade e cada vez mais foram se multiplicando. A boa vontade de todos, possibilitou que o Brasil sem Frestas se instalasse de vez em Curitiba. O esforço em conjunto gerou novos postos de coleta de caixas de leite e as semanas foram preenchidas com mão de obra solidária. Tânia, ganhou força para seguir em frente.
Atualmente, são 89 voluntários que se dividem nas tarefas. Alguns deles usam as próprias casas e empresas para coletar as caixas. Durante a semana também desenvolvem outras atividades. Nas segundas-feiras ocorre a separação, corte e costura das caixinhas. As quintas e sábados são reservadas para o trabalho a campo.
Para revestir as casas, Tânia e sua equipe se encontram pela manhã levando todo o material e muita boa vontade. As residencias escolhidas ficam em regiões precárias onde a desigualdade social pode ser atestada. A maioria das famílias que habitam esses locais não tem acesso a alimentação, saúde e moradia digna. As casas são feitas com materiais simples, como tapumes de madeira e lonas. Por entre as frestas passam o ar gelado, vento, umidade, animais peçonhentos e insetos.
De acordo com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), a cidade tem atualmente cerca de 400 ocupações irregulares e 49 mil famílias vivendo em residências consideradas precárias. Gente que não tem como se proteger das condições climáticas naquela que é considerada a capital mais fria do Brasil. Mas o número de inscritos no cadastro de pretendentes a imóveis da Cohab é ainda maior: 53 mil. E a espera por um lar digno não tem data para acabar. « (Dados Cohab 2017).
Prêmios
Depois de quase dois meses de percurso, o Prêmio Bom Exemplo 2017 chegou ao fim na noite desta quinta (24). O vencedor da premiação foi anunciado em uma cerimônia de encerramento no centro de Curitiba, perante convidados e demais finalistas do concurso. Quem ficou com o primeiro lugar foi o projeto “Brasil Sem Frestas”, de Tânia Maria Machado Ribas.